terça-feira, 26 de agosto de 2008

esboço

por entre a escuridão ergue-se um raio de luz,
um vago vislumbre, sobre ele não se poderia descortinar,
o que o provocou, ou o que lhe vai no coração,
a fresta abre-se para o infinito e é a ele que seduz,
ama o céu e a terra, por todo o mundo sente a pura paixão,
somente as ondas do mar nunca têm tempo de sorrir,
à amada costa, só têm tempo de fugir à moda imposta,
e nada mostra, prostra-se no regaço da vida e chora,
auto destrói-se sem nunca se destruir na totalidade,
porque não o mata, mas como o que não mata mói, ele implora,
pelo fim da tortura por damas de ferro dadas pela eternidade,
oh, essa pérfida criatura criada pela inexistência vã,
mas, se ela não existe, porquê, céus? porquê isto?
se nada é eterno, digam-me o fim deste sofrimento,
desta apatia, desta dor de viver, sem um trincar de maçã,
com um mundo encerrado à espera de ser filho de Mefisto,
as montanhas tocaram-se, dançaram, amaram-se,
tornaram a morte em vida, mas no fim, maldito...
tudo não foi mais que um sonho de um deus excomungado,
os rios não correram, o vento não soprou, nada foi dito,
foram quimeras criadas por mais um imperador tresloucado,
e, mais uma vez, Dylan ecoou nos corações dos desanimados,
as ruas do Porto nunca estiveram assim tão violeta,
consequência comum de uma verdade mais que violenta:
do semear de esperanças em ruas de pedra apenas brotam sonhos,
os galos cantam na noite para vir abater a alegria,
alvejá-la minuciosamente para prolongar a dor,
e levá-la, lugubremente, nas fortes garras de um açor

escrita (quase) automática

A personalidade come a vida em cada momento,
e a vida esvai-se longa como areia, lentamente,
e o tempo não perdoa, não esquece rapidamente,
progressivamente, quem cresce é o desalento,
pesado e denso, é asfixiante como vapor de água,
cada partícula move-se no ar, apenas, somente,
cada momento que passa só aumenta a mágoa,
um canto, deitado, uma frincha, encanto da tristeza,
a alma procura a fuga para não enfrentar a realidade,
sem pingo são, sem noção da mente, podre beleza,
do galheteiro caem as últimas gotas de sanidade,
não sei quem quero ser, apenas sei do que fujo sempre,
tempestades radioactivas ocorrem sem eu saber como,
sou incomum e infecundo em fuga do mundo,
sou impuro e inumano em pranto constante,
sinto que sou martirizado por ver através do fumo,
sinto que Ícaro reencarna em numa ferida estanque,
torno-me apocalíptico quando me torno implícito,
o físico contorce-se por causa do psíquico,
analiso o interior e expludo a cada reacção,
não sei que fazer, não sei, a pressão comprime,
as paredes cedem, o alarme ecoa no espaço,
os operários correm na busca de uma vã salvação,
todos sabem a angústia que o seu chefe exprime,
as rugas de um passado remetido ao presente,
são espancadas pela virtude, odeio-a tanto...
a sua cara ensanguentada não me traz remorsos,
cuspo-lhe na cara, sem esforço, não obstante,
ainda lhe dou um pontapé certeiro, uns quantos ossos....
sou fúria, sou raiva, sou o descontentamento permanente,
almejo a lua e as estrelas, acabo mendigo errante,
deixado num lago de cadáveres, até aí sou irritante
kundaliní ascende, não sei como, mas abri as portas da mente.

domingo, 24 de agosto de 2008

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canhão de luz

disparo jorros lumínicos a cada golpe de palavra. Não sei onde encerro a verdade ou quimeras de dias vindouros; apenas sei da luz, frenética, ávida, bela. Não sei do passado, nem sequer sei o que é presente.
Futuro?: Prometeram-me o mundo, o doce néctar, hidromel da vida, mas apenas cinzas das esperanças queimadas por incêndios intermináveis, apenas essas me foram dadas em meros sacos de plástico gastos, amolecidos pelo uso.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

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estou de volta!






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