A personalidade come a vida em cada momento,
e a vida esvai-se longa como areia, lentamente,
e o tempo não perdoa, não esquece rapidamente,
progressivamente, quem cresce é o desalento,
pesado e denso, é asfixiante como vapor de água,
cada partícula move-se no ar, apenas, somente,
cada momento que passa só aumenta a mágoa,
um canto, deitado, uma frincha, encanto da tristeza,
a alma procura a fuga para não enfrentar a realidade,
sem pingo são, sem noção da mente, podre beleza,
do galheteiro caem as últimas gotas de sanidade,
não sei quem quero ser, apenas sei do que fujo sempre,
tempestades radioactivas ocorrem sem eu saber como,
sou incomum e infecundo em fuga do mundo,
sou impuro e inumano em pranto constante,
sinto que sou martirizado por ver através do fumo,
sinto que Ícaro reencarna em numa ferida estanque,
torno-me apocalíptico quando me torno implícito,
o físico contorce-se por causa do psíquico,
analiso o interior e expludo a cada reacção,
não sei que fazer, não sei, a pressão comprime,
as paredes cedem, o alarme ecoa no espaço,
os operários correm na busca de uma vã salvação,
todos sabem a angústia que o seu chefe exprime,
as rugas de um passado remetido ao presente,
são espancadas pela virtude, odeio-a tanto...
a sua cara ensanguentada não me traz remorsos,
cuspo-lhe na cara, sem esforço, não obstante,
ainda lhe dou um pontapé certeiro, uns quantos ossos....
sou fúria, sou raiva, sou o descontentamento permanente,
almejo a lua e as estrelas, acabo mendigo errante,
deixado num lago de cadáveres, até aí sou irritante
kundaliní ascende, não sei como, mas abri as portas da mente.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
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