por entre a escuridão ergue-se um raio de luz,
um vago vislumbre, sobre ele não se poderia descortinar,
o que o provocou, ou o que lhe vai no coração,
a fresta abre-se para o infinito e é a ele que seduz,
ama o céu e a terra, por todo o mundo sente a pura paixão,
somente as ondas do mar nunca têm tempo de sorrir,
à amada costa, só têm tempo de fugir à moda imposta,
e nada mostra, prostra-se no regaço da vida e chora,
auto destrói-se sem nunca se destruir na totalidade,
porque não o mata, mas como o que não mata mói, ele implora,
pelo fim da tortura por damas de ferro dadas pela eternidade,
oh, essa pérfida criatura criada pela inexistência vã,
mas, se ela não existe, porquê, céus? porquê isto?
se nada é eterno, digam-me o fim deste sofrimento,
desta apatia, desta dor de viver, sem um trincar de maçã,
com um mundo encerrado à espera de ser filho de Mefisto,
as montanhas tocaram-se, dançaram, amaram-se,
tornaram a morte em vida, mas no fim, maldito...
tudo não foi mais que um sonho de um deus excomungado,
os rios não correram, o vento não soprou, nada foi dito,
foram quimeras criadas por mais um imperador tresloucado,
e, mais uma vez, Dylan ecoou nos corações dos desanimados,
as ruas do Porto nunca estiveram assim tão violeta,
consequência comum de uma verdade mais que violenta:
do semear de esperanças em ruas de pedra apenas brotam sonhos,
os galos cantam na noite para vir abater a alegria,
alvejá-la minuciosamente para prolongar a dor,
e levá-la, lugubremente, nas fortes garras de um açor
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Corre nas tuas veias o sangue de poeta...
Que emocionantes palavras, toldadas de ma espontaneidade profundamente tocante...
Postar um comentário